Querido Silvero, vim te escrever um e-mail pra outra coisa e acabei vendo seu convite pro site Fábrica de Travestis. Vi, li, e queria dizer que me tocou bastante, incrível uma ferida na sociedade aberta de maneira tão dolorosa, e tão próxima à nossa vida, à minha vida. É muito fácil uma pessoa ir assitir ao espetáculo pensando, é sobre travestis?, vou ver putaria. Mas que nada. Uma flor de dama fala sobre a Juliana. Cabaré da Dama, também. Há uma escuridão dentro de mim que o mundo nunca vai sarar. Eu sou Almodovar, Piaff, Valentino, Abreu.. para além de todas as questões sexuais, familiares... porque às vezes, a vida é simplesmente sofrer, não aceitação, confusão, dor, ... Eu vejo o espetáculo de vocês, a pesquisa de vocês, como uma pesquisa sobre a alma do mundo. Como tudo que a arte retrata de íntimo e palpável, verdadeiro. Somos... e me incluo, somos portadores de uma mensagem sobre a alma do mundo. Somos a lágrima no olho de Deus. Somos o que não podemos não ser, porque a solução está no mesmo lugar onde foi parar o sentido da vida.......
Uma vez eu participei de um debate no Teatro Universitário depois de Uma flor de dama em que você falou da convivência com as travestis para a pesquisa. E fiquei pensando, meu Deus, como deve ter sido... Será que elas se sentem respeitadas, talvez algumas pensem 'sai daqui, atorzinho metido, você não sabe de nada'... E será, será que elas sabem que há o sofrer fora delas, que o mundo é injusto e sujo e belo e lindo também para as pessoas que não pensam na roda... será que elas pensam na roda? Quais delas pensam, será que eu penso, será que não é mediocridade minha me ver diferente delas, filho da puta aquele que as olha como superior, etc etc... menino, você desperta umas coisas...
Resumindo, obrigada. Adorei ver o site, ver o trabalho com um formato elegante, e estou adorando ver a continuação dessa putaria. Boa sorte, muita merda pra todos vocês, e vamos ver onde vai dar!
Juliana.
Marcadores:
Depoimentos
Assinar:
Postar comentários (Atom)
1 comentários:
e sei que não desistiremos de ver onde vai dar, porque desde Flor De Dama temos acompanhado até onde deu, até onde está dando. Não é agora e nem amanhã e nem depois e nem depois que iremos deixar de ver onde que vai dar.
Postar um comentário