Rogéria faz uma homenagem à Gisele Almodóvar no 5º For Rainbow

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Durante o 5º For Rainbow Gisele Almodóvar esteve como cerimonialista do evento ao lado de Natasha Faria.


No último dia de evento a homenageada da noite, a grande artista  e Divina Diva Rogéria (A transformista de maior tempo na mídia) prestou uma linda homanagem à Gisele, como se pode conferir no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=xRKAOyNF3zk

Caso de mudança de sexo no esporte gera polêmica nos Estados Unidos

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Renomado atleta de fisiculturismo americano se torna mulher e realiza sonho de voltar a competir pela primeira vez após todo o procedimento

Por GLOBOESPORTE.COM

San Diego, EUA. A fisiculturista Chris Tina Bruce antes e depois da mudança de sexo (Foto: Reprodução)

Um caso bem particular no mundo do esporte tem causado muita polêmica nos Estados Unidos. No último fim de semana, foi realizado em San Diego, na Califórnia, um tradicional campeonato de fisiculturismo, o "Border States Classic Bodybuilding". Uma atleta americana roubou as atenções no evento, mas não por causa dos músculos definidos ou pela bela postura em sua apresentação. O inusitado ficou por conta da história de Chris Tina Bruce, que enfrentou o preconceito e competiu pela primeira vez após ter mudado de sexo.


Há três anos, Chris Tina Bruce era somente Bruce, um atleta renomado do fisiculturismo, com mais de 20 anos de carreira. Levava uma vida normal, era casado e tinha dois filhos. De uma hora para outra, já com 43 anos, decidiu realizar o desejo antigo de se tornar mulher. Mas o processo ocorreu aos poucos, sem que ninguém de sua família percebesse.

Em 2008, deu início a uma terapia hormonal. Um ano depois, colocou implantes de silicone nos seios, foi submetido a uma cirurgia facial e se divorciou para finalmente assumir que era uma transexual. Com 20kg a menos e de cabelos longos e loiros, Chris ainda sentia um vazio e decidiu que era hora de voltar ao esporte. E o resultado, logo na reestreia, foi um vice-campeonato, do qual ela se diz orgulhosa:

- Tratei de ficar longe das coisas que eu fiz como homem. Decidi que tinha de ser eu - decretou - Cheguei em segundo e entendo por que não me escolheram. Mas fui tratada com respeito, inclusive pelos outros competidores, que pediram para tirar foto comigo. Fui esperando o pior, mas não houve vaias ou constrangimento. Só de saber que pude competir já me sinto uma vitoriosa - afirmou Chris ao portal de notícias americano The Huffington Post.


http://globoesporte.globo.com/outros-esportes/noticia/2011/11/caso-de-mudanca-de-sexo-no-esporte-gera-polemica-nos-estados-unidos.html

 

Arte para virar o mundo ao avesso

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 por Danilo Castro (http://odanilocastro.blogspot.com/)






Danilo Castro em cena do curta Se essa rua fosse minha...

Um ator que não vive a vida, não ganha subsídios para reproduzi-la cenicamente. Um ator que não se desamarra dos seus estigmas, oferece-se limitado à arte. E, definitivamente, a impossibilidade de transgressão tem caminho contrário ao da criação. Como ser artista sem se doar por completo? Como fazer arte sem pensar na sua função transformadora? Com o decorrer dos meus trabalhos com o teatro, venho percebendo quão importante é pensarmos na arte para além do entretenimento, pensarmos nela como ferramenta de combate por um mundo mais justo. E não é necessário um discurso panfletário para isso. Basta que sejamos cidadãos, críticos, com pensamentos coerentes, com respeito às diferenças.

Esse caráter social naturalmente veio se revelando em Revoar, espetáculo em que enfrentávamos a violência sexual contra crianças e adolescentes, em Uma rapadura, 3 atores & uma História, onde fazemos uma campanha de incentivo à leitura, em O Pagador de Promessas, onde o sincretismo religioso e a crítica à imprensa sensacionalista foram temas evidenciados no texto do Dias Gomes, dentre outros trabalhos que me dão orgulho como artista.

Os grupos Coletivo Cambada e 3x4 de Teatro trabalharam conjuntamente produzindo curtas-metragens para o 5º For Rainbow - Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual, que tem realização do Centro Popular de Cultura e Ecocidadania (Cenapop) com apoio do Governo do Estado do Ceará, da Prefeitura Municipal de Fortaleza através da Secretaria de Cultura de Fortaleza, Banco do Nordeste do Brasil, Casa Amarela Eusélio Oliveira e Universidade Federal do Ceará (UFC).

Assim nasceu o “Se essa rua fosse minha...”, um curta que fala de sonhos, que mostra os desejos de travestis que só tiveram a rua como oportunidade de sustento. Sonhos calados por uma sociedade que as oprimiu em todas as fases de suas vidas. Como exigir que elas saiam das ruas, se ninguém dá emprego a uma travesti? Como exigir que elas estudem se, na prática, elas não são aceitas em escolas? Até mesmo em ambientes acadêmicos, onde há um falso cosmopolitismo, elas são alvo de discriminação, como me disse Luma Andrade, primeira travesti com doutorado do Brasil, quando tive oportunidade de entrevistá-la no início do ano. Como querer que sejam delicadas e sociáveis, se a igreja e a comunidade as excluem ou taxam-nas de anormais? Se elas são violentadas verbalmente, agredidas fisicamente e muitas vezes só têm a noite como morada? Nada mais natural do que ter a agressividade como instinto de defesa. É uma relação de causa e consequência, não de vilão e vilania.

O dever de visibilizar os LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) não pode ser visto como um incentivo à perversão ou ao “homossexualismo”*, absolutamente. A orientação sexual e a identidade de gênero independem de raça, religião ou classe social. Temos que pregar o respeito e o convívio com as diferenças, por isso a importância de visibilizar os oprimidos. Viver por uma noite a Virgínia Lispector (nome da personagem) era algo inimaginável pra mim até que me surgisse a oportunidade. O mais fácil era dizer não. Não por preconceito, mas por não me achar suficientemente capaz de carregar a alma densa de uma travesti em tão pouco tempo. E não é fácil. Sair na rua carregando no corpo o signo da diferença me tornou um bicho para apreciação, motivo de chacota ou apetrecho sexual. Imagine quantas mil coisas diferentes passaram na minha cabeça. Sentir-me travesti foi um baque, eu achava que sabia de todo o preconceito que elas vivem, mas depois de me passar por uma, entendi pelo menos um pouco que é bem mais complexo tudo isso. A prostituição acaba sendo vista quase como uma fase obrigatória na vida de uma travesti. Mas sabe o que elas mais querem? Casar com um homem bom, ter filhos, estudar, ter uma profissão digna. Coisas que a maioria das mulheres desejam. Mas esses sonhos simples são praticamente impossíveis quando se tem uma identidade de gênero diferente do sexo biológico, quando se tem um comportamento diferente daquilo que é imposto como padrão.

Mas com tantos bons atores para fazer esse papel, por que eu? Bem, a concepção proposta é de uma travesti que “canta” em Libras (Língua Brasileira de Sinais), então logo lembraram de mim devido a minha fluência no idioma. Tomei isso como uma missão, era impossível negar. Viver esse trabalho me transformou. Agora desejo que a exibição desse curta seja capaz, pelo menos um pouco, de transformar o público também. Quando resolvi ser artista, nunca imaginei que isso poderia ser uma ferramenta valiosíssima para virar o mundo ao avesso, atordoar nossas próprias convenções, hoje não consigo não pensar nisso.

Exibição: 29 de outubro, 18h, na Casa Amarela – Av. da Universidade, 2591, Benfica. - Entrada Franca.


Direção de Andrei Bessa
Danilo Castro como Virgínia Lispector
Assistência de Direção de Silvero Pereira
Argumento de Gyl Giffony e Andrei Bessa
Operação de Câmera por Luciana Gomes
Maquiagem e caracterização por Bernardo Vitor
Supervisão de Valdo Siqueira e Luciana Gomes




*o termo "homossexualismo" foi abolido e deve ser substituído por "homossexualidade", já que o sufixo "ismo" também é utilizado para designar patologias.

A ERA SO PÓS-GÊNERO?

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A era do pós-gênero?

Relatos de quem recusa as definições tradicionais de homem-mulher, hétero-homo...
O cartunista Laerte Coutinho, de 60 anos, que em 2009 decidiu passar a se vestir como mulher, usar brincos e pintar as unhas de vermelho, está dentro do banheiro masculino quando entra um velhinho. Ao se deparar com a figura de cabelos grisalhos lisos num corte chanel, saia e salto alto, em pé diante do mictório, o homem estaca. “Não se preocupe, o senhor não está no banheiro errado”, diz Laerte. E o idoso, resignado: “É, eu estou é na idade errada”.
Laerte já foi chamado de crossdresser, denominação utilizada para o homem que gosta de, ocasionalmente, usar roupas femininas como fetiche. Talvez o crossdresser mais famoso da história tenha sido o cineasta norte-americano Ed Wood, que vez por outra vestia trajes de mulher. Sentia que lhe acalmavam o espírito. Wood, encarnado no cinema pelo ator Johnny Depp no filme homônimo de Tim Burton, em 1994, era casado e, ao que tudo indica, heterossexual. Só que o cartunista acha que não é crossdresser como Wood porque não tem mais em seu armário roupas de homem. Nem uma só cueca, nada. “Foi a primeira gaveta que esvaziei”, conta.
Por outro lado, as travestis, brinca Laerte, ficariam indignadas se ele dissesse ser uma, por não ter a -exuberância que se espera delas. Drag queen ele não é, porque não se veste como mulher para fazer performances. Usa vestidos e saias todo o tempo, para desenhar, pagar contas no banco ou ir até a esquina. Transexual também não, porque não tem interesse em fazer cirurgia de mudança de sexo e nem está insatisfeito com o próprio corpo “biológico”. Bissexual, sim, com certeza. “Nomenclaturas não me interessam. A busca por uma nomenclatura é uma tentativa de enquadramento. Sou uma pessoa transgênera e gosto do termo ‘pós-gênero’”, explica o cartunista.
O fato é que não existe atualmente uma palavra para “enquadrar” Laerte. Tampouco há resposta definitiva para a questão: quantos gêneros existem na realidade? Só homem e mulher parecem não ser mais suficientes. Desde a quinta-feira 15, os australianos terão em seus passaportes a possibilidade de optar, além dos sexos “masculino” e “feminino”, por um gênero “indeterminado”. Cabem aí todas as possibilidades de definição de Laerte, ou qualquer outra que aparecer. A própria sigla LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) já é utilizada por alguns grupos como LGBTIQ – adicionada de “intersex” e “questioning” (“em dúvida” ou “explorando possibilidades”).
Com a mudança no passaporte, a Austrália na prática estende para todos os cidadãos o direito conquistado na Justiça em março do ano passado por Norrie May-Welby. Norrie, que nasceu homem, havia feito cirurgia de sexo para se tornar mulher, mas não se adaptou à nova condição. Recorreu à Justiça e se tornou a primeira pessoa do mundo a ser reconhecida como “genderless”, ou sem gênero específico. Após a decisão, Norrie May-Welby declarou: “Os conceitos de homem e mulher não cabem em mim, não são a realidade e, se aplicados a mim, são fictícios”. O sobrenome de Norrie, aliás, é um trocadilho com “may well be”, que em inglês significa “pode bem ser”.
Leda e os Cisnes, atribuído a Da Vinci
Para chegar à decisão, dois médicos o examinaram e concordaram que Norrie é psicológica e fisicamente andrógino. May-Welby comemorou a libertação da “gaiola do gênero” e sua história detonou uma discussão no país sobre a criação de direitos específicos para as pessoas sem gênero. Um problema prático é justamente a identificação em documentos oficiais. Para um homem transexual que fez a cirurgia de mudança de sexo, é possível em vários países mudar também os documentos. Mas o que fazer com os que não desejam ser identificados por gênero algum? “O caso de Norrie evidenciou a existência de pessoas que não desejam ter um sexo específico”, disse em dezembro John Hatzistergos, procurador-geral de New South Wales, o estado mais populoso da Austrália.
Nascida mulher, a filósofa espanhola Beatriz Preciado, autora do livro Manifiesto Contrasexual, uma provocação intelectual que pretende subverter os conceitos de gênero e sexo é, ela própria, um ser híbrido que recusa qualquer definição. Preciado não se considera nem homem nem mulher nem homossexual nem transexual. Perguntada pelo jornal catalão La Vanguardia sobre seu gênero, Beatriz respondeu: “Esta pergunta reflete uma ansiosa obsessão ocidental, a de querer reduzir a verdade do sexo a um binômio. Dedico minha vida a dinamitar esse binômio. Afirmo a multiplicidade infinita do sexo”. Segundo a filósofa, a sexualidade humana é como os idiomas: pode-se aprender vários.
Há psicólogos que concordam com Beatriz ao defender que uma coisa é o gênero e outra, completamente distinta, a atração sexual. Isso é o que torna possíveis os inúmeros casos relatados de indivíduos que fizeram cirurgia de mudança de sexo para se tornarem não heterossexuais, mas homossexuais. Explico: um homem, por exemplo, que se torna mulher não para ter relações com homens, como se poderia imaginar, mas com mulheres. Ou seja, que troca de sexo para ser gay.
Aconteceu recentemente na Itália: Alessandro Bernaroli, de 40 anos, submeteu-se a uma mudança de sexo e tornou-se Alessandra em 2009, mas ele e a esposa não tinham a intenção de se separar, queriam permanecer juntos. O mais incrível é que acabaram alvos de um divórcio à revelia pela Justiça italiana, baseado no fato de o país não permitir legalmente casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Alessandra está recorrendo no tribunal de última instância e pode ir à Corte Europeia de Direitos Humanos se o seu direito de permanecer casada não for reconhecido.
Na Itália, ao virar Alessandra, Alessandro foi obrigado a se separar da mulher
Há três anos, então aos 81, a escritora Jan Morris, que deixara de ser James através de uma cirurgia em 1972, decidiu casar novamente com sua companheira de toda a vida, Elizabeth Tuckniss. Eles tiveram cinco filhos juntos e nunca se separaram de fato, mesmo após a cirurgia. Por exigências legais, porém, haviam se divorciado logo depois de James se tornar Jan. James Morris, o primeiro jornalista a anunciar a conquista do Everest, diz, em seus relatos autobiográficos, que se transformou em Jan, mas nunca se sentiu homossexual, e sim “erroneamente equipado”. Achava que deveria ter nascido mulher e fez a cirurgia para corrigir o equívoco divino – o que não significava que quisesse abrir mão do amor de Elizabeth.
“Esses casos comprovam que gênero e atração sexual podem ser coisas
Na Austrália, a família sem gênero
separadas. É muito complicado, há pessoas que nunca se conformam em ser enquadradas em um gênero”, diz o psicólogo Anthony Bogaert, professor do Departamento de Ciências Sanitárias da Brock- University, no Canadá. “Gênero é uma construção complexa. Ser macho ou fêmea, assumir papéis mais femininos ou mais masculinos, não vai necessariamente indicar que tipo de pessoa atrairá sexualmente um indivíduo. Homens com características mais -femininas, por exemplo, ou até transexuais, não necessariamente tenderão a se relacionar com pessoas do mesmo sexo.”
Apesar das diferenças que estabelece entre gênero e orientação sexual, Bogaert considera discutíveis experiências como a do casal canadense Kattie Witterick e David Stocker, que, revelou-se ao mundo em maio, pretende manter o sexo de seu bebê, chamado apenas de Storm (tempestade), como um segredo de família. Isso significa que Storm crescerá sem gênero definido. Acossada por críticas de psicólogos, a mãe justificou-se dizendo ter tomado a decisão por causa da pressão sofrida por Jazz, seu filho mais velho, um garoto que gosta de usar tranças e sempre vestiu roupas de menina, para que “agisse como menino”.
Caso parecido aconteceu há dois anos na Suécia com o bebê “Pop”, gênero não revelado, que aos 2 anos podia escolher se queria usar vestidos femininos ou roupas de garoto. “Nós queremos que Pop cresça o mais livremente possível, queremos evitar que seja forçado/a a assumir um gênero específico ditado pelo exterior”, explicou a mãe da criança. “É cruel trazer uma criança ao mundo com uma estampa azul ou cor-de-rosa pregada na testa.”
Uma pré-escola na Suécia, a Egalia, baniu os termos “ele ou ela” para se referir aos pequenos alunos, que não são tratados como “meninos” ou “meninas”, mas como “amiguinhos”. Na brinquedoteca, a cozinha, com suas panelas e outros utensílios, supostamente “de predileção” nata das meninas, fica ao lado das peças de Lego e brinquedos de montar, normalmente “preferidos” pelos meninos, para que as crianças não tenham “barreiras mentais” e se sintam livres para escolher entre as duas brincadeiras. O sistema é chamado de “educação neutra em gênero”, mas já há quem tenha apelidado a ideia de “loucura dos gêneros”.
O ator Leo Moreira e a espanhola Beatriz (acima) rejeitam o binômio
Foto: Gustavo Lourenção
Pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Unicamp, a antropóloga Regina Facchini vê, no entanto, alguns aspectos positivos em não se enfatizarem gêneros e fortalecer estigmas na educação de crianças. “Em termos individuais, acho impossível criar uma criança sem gênero. Mas intervir no social, na escola, e não no sujeito, pode ser interessante.” A pesquisadora lembra que, no Brasil, os parâmetros curriculares aconselham fazer o possível para não estabelecer diferenças entre gêneros. Até mesmo em coisas pequenas, mas que denotam estereótipo, como, por exemplo, dar para os garotos a função “masculina” de carregar coisas pesadas.
“Existem discussões candentes hoje em dia. Os banheiros das escolas atendem os alunos transexuais? Agora, a identidade de gênero existe. Desde o momento que a criança botou a cabeça para fora, ela vai sendo construída, a partir das expectativas criadas em torno dela pelos pais, pela sociedade. Essa é uma realidade”, diz a antropóloga. “Sem dúvida, quanto menos a escola enfatizasse gêneros, menos seria traumático para algumas crianças. Assim como também seria positivo ensinar que existem várias formas de masculino e feminino que devem ser respeitadas. O que existe na maior parte dos lugares é o oposto disso.”
Até os 7 anos, o paulista Leo Moreira Sá, caçula de nove irmãos, brincava com os amigos no quintal, todos meninos, usando um short sem camiseta. No dia que ele conta ser o mais chocante de sua vida, a mãe vestiu-o com o uniforme da escola, uma sainha com blusa. Ele reclamou: “Mas isso é roupa de menina”. Ela olhou-o profundamente nos olhos e pronunciou a frase que o marcaria dali por diante: “Você É uma menina”.
Foram anos de rebeldia, bullying e inadaptação escolar até que Leo, então Lou Moreira, entrou para as Ciências Sociais da USP e descobriu na literatura algumas respostas para suas dúvidas. Ainda assim, continuava a se sentir inadaptada. Entrou para um grupo ativista de lésbicas, mas não se sentia bem aceita por ser considerada “masculina demais”. O melhor momento para ela então foi a atuação, nos anos 1980, como baterista da banda de punk-rock As Mercenárias, look andrógino, cabelo descolorido curtíssimo e ar desafiador.
Em 1995, Lou era casada com uma garota quando viu na rua a travesti Gabriella Bionda, a Gabi. “Pensei: ‘que mulher linda’”, conta. Gabi olhou para ela e falou: “Que ‘viadinho’ bonitinho”. Foi o início da relação surpreendente entre a lésbica e o travesti, que duraria nove anos e tornaria a dupla figurinha carimbada na noite paulistana. O curioso é que houve um período que Gabi “montava” Lou para que esta parecesse mais feminina, mas, nos últimos anos, ela vem se transformando em Leo. Aos 53 anos, planeja, inclusive, fazer a cirurgia de retirada dos seios e, futuramente, de mudança de sexo.
Não que tenha decidido se pretende se relacionar amorosamente com homem, mulher ou outro gênero. “No momento, não estou me relacionando com ninguém, estou pensando só na cirurgia”, diz Leo, para quem Gabi ainda é o amor de sua vida. “A Gabi é minha alma gêmea, meu espelho invertido. Estar com aquela mulher com corpo de homem quebrou certos limites da minha sexualidade. Na cama, éramos o casal mais versátil que se possa imaginar. Hoje, desfruto de um leque muito amplo de possibilidades. Nada está fechado.”
Leo, que toma hormônios, criou barba e possui uma aparência exterior masculina, rejeita assumir a identidade de homem. Não gosta do termo “transexual”, mas prefere se nomear assim, à falta de outro. “Adoraria não precisar assumir gênero algum”, admite o ator, que integra o grupo de teatro dos Sátyros, em São Paulo, cujas montagens costumam incluir transexuais e travestis no elenco. “Vivi à margem durante muitos anos. Agora, ao contrário, essa sensação de não pertencimento ao mundo me faz feliz, sinto-me um ser humano integral, completo. Vou operar para fazer um ajuste, para me sentir mais cômodo com meu próprio corpo. Mas assumir um gênero, para quê?”

Cynara Menezes

Cynara Menezes é jornalista. Atuou no extinto "Jornal da Bahia", em Salvador, onde morava. Em 1989, de Brasília, atuava para diversos órgãos da imprensa. Morou dois anos na Espanha e outros dez em São Paulo, quando colaborou para a "Folha de S. Paulo", "Estadão", "Veja" e para a revista "VIP". Está de volta a Brasília há dois anos e meio, de onde escreve para a CartaCapital.

Promoção ingressos dias 13 e 14 de agosto

08:13 / comentários (1)

Faça uma foto sua com um cartaz: "Eu vou para EE dias 13 e 14 no Theatro José de Alencar às 19h" e post no seu facebook.

A melhor foto ganha um par de ingressos para o dia 13 e a 2ª melhor foto um par de ingressos para o dia 14.´

Promoção válida até às 16h do dia 13 de agosto

AS TRAVESTIDAS NO CARIRI - 3ª NOITE E A DECISÃO DE MORRER

18:44 / comentários (0)


ENGENHARIA ERÓTICA
Segunda noite e mesma emoção repetida: brilho e verdade. O público cativo e mais aqueles que não deixam de se surpreender com as histórias de vida e com a volta por cima das travestis.
DJ FABINHO – nada de bate estaca repetitivo!
Muita inventividade e criatividade aproveitando as batidas tradicionais das boates em músicas com muita brasilidade. O sambinha Eu bebo sim... levou todo mundo à loucura.

VERÒNICA DECIDE MORRER - Incrível show de rock!
A diva Verònica Valentino sobe ao palco com todo o gás e com interpretações que aliam força e teatralidade. Sua voz poderosa e sua presença magnética conquistaram imediatamente o público do Terreiro da Mestra Margarida. Era uma galera que vinha do Engenharia Erótica somada aos que já tinham curtido o show da banda na noite anterior na cidade do Crato, com quem tinha ficado desde a apresentação de Avental Todo Sujo de Ovo, com quem veio exatamente ouvir músicas como: Negro Gato, Não serve pra mim, Papai me empresta o carro, Ilegal, imoral ou engorda – e nesta hora, antes de começar a cantar, ela pediu um cigarro pra alguém na platéia. Muita gente bonita dançou e fotografou muito e quem quis ou não quis, dançou muito, porque não dava pra ficar parado de jeito nenhum! Fechamos com chave de ouro as três noites das Travestidas no SESC Juazeiro.

AS TRAVESTIDAS NO CARIRI - 2ª NOITE

18:38 / comentários (0)



ENGENHARIA ERÓTICA: FÁBRICA DE TRAVESTIS – Sonho transformado em realidade
As pessoas chegam e vão escolhendo os seus lugares nas duas grandes arquibancadas dispostas de um lado e outro do teatro. Entre elas vemos o que pode funcionar como uma grande avenida com damas muito maquiadas, muito arrumadas, muito deliciosamente oferecidas, algumas até rodando bolsinhas no alto ao som de hits remixados de Amy Winehouse. Depois de uma dublagem de uma banda de forró, Silvero Pereira –digo, Gisele Almodóvar a La Chapelle Pereira Gyfone inicia um talk show com Denis Lacerda – digo, Deydianne Piaf engraçadíssimo. Uma conversa com o público, recados sobre a Parada LGBT e as outras apresentações da noite e do dia seguinte e somos levados a assistir um vídeo produzido pelo grupo e dirigido por Fabinho Vieira, GLOSSÁRIO dos termos usados dentro do universo gay. Produção feita com muito bom gosto e criatividade. Depois deste momento, a avenida se dividirá em três: Chega Gisele Almodovar gritando com o cara com quem ela mora, resumindo uma vida de violência e amargura numa extremidade; no centro, Diego Salvador – digo, Yasmin Shyrran que se veste e dará o depoimento mais emocionante e no alto da escada, do outro lado, com sua própria voz, numa belíssima interpretação, Jomar Caramanhos – digo, Verônica Valentim. É o divisor de águas do espetáculo, que nunca irá ser confundido com uma apresentação apenas glamourosa e engraçada de travestis. Entramos no universo de agentes sociais, de sujeitos repletos de vida e sentimento que abrirão seus corações e compartilharão com quem quiser ouvir, as suas dores e as suas trajetórias. Mas não se termina com lágrimas, porque a exuberância dará a palavra final, porque com elas, o show jamais irá terminar.

AS TRAVESTIDAS NO SESC PATATIVA JUAZEIRO DO NORTE - 1ª NOITE

18:21 / comentários (0)


O conto do gaúcho Caio Fernando Abreu, Dama da Noite, extraído do livro Os Dragões Não Conhecem o Paraíso e dedicado à escritora Márcia Denser foi maravilhosamente bem encenado por Silvero Pereira. A encenação desta noite foi a de número 300 e consolida 10 anos de pesquisa e oito, de apresentações que foram evoluindo no formato e na performance. No início, a peça concentrava-se apenas no texto de Caio e se chamava Uma Flor de Dama, nos últimos tempos foi inserido ao espetáculo shows de transformistas dublando divas da música pop nacional e internacional (todas foram excelentes e animaram e deslumbraram a platéia): Amy Winehouse, Lady Gaga, Preta Gil, Adèle ... e ganhou o nome que tem hoje. É esse clima de boate gay que impera na primeira parte que tanto encanta quanto desnorteia o público, quando na sequencia, vemos a personagem que se senta e dialoga com um interlocutor que é descrito como um rapaz jovem de furo no queixo que está inserido na “roda” onde ficam aqueles que são aceitos, que não são marginalizados. O discurso vai da paquera à fúria ao escracho ao humor ao drama à ofensa à euforia à poesia: “Gosto de quem eu sou, não do que eu faço, porque escolhi ser quem eu sou”. O público vai sendo conquistado e levado a refletir sobre a condição do outro e a olharem mais atenciosamente à sua própria condição nesta vida. Um triunfo de apresentação!

EE na Eliana

13:01 / comentários (1)


A Equipe do vídeo GLOSSÁRIO embraca nesta segunda-feira (13/05/11) para São Paulo onde participará do Programa da Eliana no SBT no quadro "Famosos da Internet". O convite foi feito por conta do número de exibições do vídeo "Fleur de Rose in Me" no youtube. Entretanto como o vídeo possui palavras inadequadas ao horário do Programa a Equipe (Deydiany Piaf, Alícia Pietá, Verònica Valentino e diretor do vídeo Fabio Vieira) irão apresentar a música "A Magra". Por conta de compromissos inadiáveis Gisele Almodóvar não acompanhará a equipe. O Programa será exibido dia 19/06/11

INVASÃO: "AS TRAVESTIDAS" DE VOLTA AO JUAZEIRO

07:17 / comentários (1)

foto de aprset. no CCBNB - Sousa (PB)

CARÍSSIMOS AMIGOS
(ou já que L. Gaga chama os seus de "Monstrinhos", porque não chamar nossas "Travas")

Informamos que já foi fechada nossa temporada durante o mês de Julho no Teatro Patatita do SESC Juazeiro. No momento não temos datas definidas, mas adiantamos que será um evento fabuloso com nosso repertório (Cabaré da Dama, Engenharia Erótica, Verônica Decide Morrer) e mais umas coisinhas ainda sem revelação.

AGUARDEM.

BJS, COM MUITO GLOSS
Gisele Almodóvar LaChapelle Pereira Gyffony

ENGENHARIA ERÓTICA NO MARANHÃO

18:03 / comentários (0)

Engenharia Erótica no Cariri/ 1º Chá Cultural LGBT

14:26 / comentários (1)

Essa foi mais um apssagem nossa de Sucesso pelo Cariri. Foto de apresentação no 1º Chá Cultural LGBT promovido pelo GALOSC no Teatro SESC Patativa/ Juazeiro do Norte. Apresentações de Cabaré de Dama no dia 28 de Abril de 2011 e Engenharia Erótica no dia 29 de Abril de 2011. A casa lotada, público maravilhoso.

Daqui seguimos para Sousa (PB) onde realizaremos nos dias 13 e 14 de maio de 2011 apresentações do Engenharia Erótica no Centro Cultural BNB.

Turnê de Sucesso

09:14 / comentários (1)

foto tirada durante apresentação no BNB de Sousa(PB)

Nossa turnê foi um sucesso estrondoso. Agradecemos imensamente as cidades por onde passamos (Sousa, Crato, Iguatu e Juazeiro) onde nessas apresentações contabilizamos um público de 3.254 pessoas num total de 10 dias e com 9 apresentações. Estamos muito felizes com a repercussão e esperamos pder retornar a estas cidades o mais breve possível. Grato ao BNB de Sousa, BNB de Juazeiro, SESC Crato, SESC Juazeiro e SESC Iguatu.

em TURNÊ pelo Ceará

07:28 / comentários (3)


Este mês, Março de 2011, entramos em Turnê.
Segue nossa Agenda:

dia 20 - apresentação de ENGENHARIA ERÓTICA no CCBNB de Sousa (PB) às 23h

dia 21 - aprsentação de ENGENHARIA ERÓTICA no SESC Crato às 20h

dia 22 - palestra TRAVESTIS - TEATRO E REALIDADE às 14h  e ENGENHARIA ERÓTICA às 20h no CCBNB Juazeiro

dia 26 - apresentação de ENGENHARIA ERÓTICA no SESC Iguatu às 21h

dia 27 - apresentação do solo UMA FLOR DE DAMA às 20h no SESC Juazeiro

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Travetis Barradas em Boites no Ceará

07:02 / comentários (1)


foto Sara Maia
no Jornal O POVO não deixe de ler os comentários sobre a matéria, clique aqui.

Ao som de Beyoncé, o ator Bernardo Vitor quis curtir a noite vestido de mulher. A boate Órbita, na Praia de Iracema, barrou a brincadeira. Uma semana depois do ocorrido, O POVO reproduziu a cena e comprovou: nas baladas de Fortaleza, a diversidade sexual segue alvo de intolerância e estranhamento

Sábado à noite, passa das 23 horas. Na porta do Complexo Armazém, no entorno do Centro Dragão do Mar, o segurança pede que Gisele espere por uma outra funcionária antes de comprar o ingresso. Gisele é Silvero Pereira. O ator, que pesquisa o universo das travestis e já desenvolveu várias peças sobre o tema, aceitou o convite do O POVO e saiu “montado” para testar algumas baladas da Cidade no quesito tolerância.

Uma semana antes - mais exatamente na sexta-feira, dia 11 - Bernardo Vitor, 25, também ator e parceiro de Pereira em suas montagens, foi barrado na entrada do Órbita Bar, vizinho do Armazém. Era noite de tributo a Beyoncé e Bernardo saiu para curtir produzido: foi vestido de mulher. O segurança impediu sua entrada porque a foto do documento apresentado na entrada não correspondia à imagem de Bernardo naquele momento.

“Expliquei que não era daquele jeito 24 horas. Nunca ouvi essa desculpa em lugar nenhum. Para mim, é preconceito disfarçado”, diz Bernardo. Uma semana depois, na porta do Armazém, o episódio voltou a se repetir. A travesti Gisele Almodóvar, personagem de Silvero Pereira, foi barrada sem rodeios. “A casa só aceita homem vestido de homem e mulher vestida de mulher”. Gisele pediu para falar com alguém da gerência. Não conseguiu. A reportagem teve mais sucesso, mas obteve da direção resposta semelhante. “Nossa casa é heterossexual, não é GLS. Não impedimos que mulheres que gostam de mulheres e homens que gostam de homens entrem, contanto que estejam vestidos de acordo com seu sexo e que não se beijem ou se abracem”, explicou Cláudia, gerente, que não quis dizer o sobrenome.

“A travesti sofre muito preconceito. O estereótipo da prostituição é muito forte. As pessoas julgam a condição de vida dela, mas não avaliam o histórico de vida, o que as instituições – a Igreja, a família, a escola – fizeram para ela estar na rua”, lamenta Silvero. Mas o saldo da noite de sábado foi positivo. Gisele entrou tranquilamente no Amici’s, também no entorno do Dragão do Mar.

Chamou a atenção, porque afinal não dá para aquele mulherão passar despercebido, mas sambou e curtiu sem ninguém atrapalhar. Teve até uma mulher que chegou para sambar junto, fez elogios e criticou o preconceito. Mais tarde, Gisele também entrou sem problemas no Kukukaya. Lá, os olhares de reprovação a acompanharam o tempo todo. O ambiente era mais hostil. “O público aqui é diferente, tem muita senhora, esse povo não está acostumado mesmo”, ponderou a Gisele de Silvero.

Naquela noite, o Órbita estava fechado, mas a proprietária da casa, Patrícia Carvalhedo, garante que desde o episódio com Bernardo, a portaria está flexibilizando o pedido de documentação para travestis. De acordo com Patrícia, o Órbita tem uma política rigorosa de checagem de documentos para evitar a entrada de menores de idade.

“Fui procurar o Grupo de Resistência Asa Branca (Grab) logo depois e eles me orientaram assim. Seria a forma menos intolerante de tratar o assunto. É uma questão muito delicada. Garanto que Bernardo não foi barrado por sua orientação sexual, foi um problema de bilheteria”, diz Patrícia, que tinha hora marcada ontem no Centro de Referência LGBT Janaína Dutra, ligado à Coordenadoria da Diversidade Sexual da Prefeitura.

“Isso nos pegou de surpresa. É um assunto que está mais em voga porque estamos às vésperas da aprovação da lei que criminaliza a homofobia e temos transexuais na mídia. Temos que conversar mais para saber lidar com essas situações”, considera Patrícia. Bernardo, por exemplo, registrou um Boletim de Ocorrência na terça-feira depois do incidente, mas ainda não sabe se vai levar adiante um processo. “Muita gente se cala. Eu fico com vontade de fazer alguma coisa. Não é para aparecer, até porque é uma situação constrangedora, mas para que não aconteça de novo”, pontua o ator. Como no sábado seguinte, quando Gisele foi barrada no Armazém.


BATE-PRONTO
O POVO - Um estabelecimento privado pode barrar um travesti?

Fernando Férrer - De maneira nenhuma. Não pode existir nenhum tipo de preconceito ou discriminação que ofenda sua origem, raça, sexo, cor, idade ou qualquer outra forma de discriminação.

OP - A direção do Órbita alega que não barrou Bernardo por estar vestido como uma mulher, mas, sim, porque a foto do RG não correspondia à imagem dele no momento. Isso é válido no caso de uma travesti?

Férrer - De forma alguma ele pode ser barrado por isso. É um ato discriminatório.

OP - Como deve proceder a travesti que passar por um constrangimento semelhante?

Férrer - O fundamental é ter como provar o crime de discriminação, aí se procura um advogado. Caso contrário, o risco de insucesso é grande. Ter testemunhas que possam comprovar a discriminação é muito importante. O Boletim de Ocorrência em si não prova nada. É interessante abrir um procedimento na hora. A Polícia tem obrigação legal de ir ao local do fato, apurar o crime. Fazer um BO dias depois não funciona.

Fernando Férrer. Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/CE).

Mariana Toniatti

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Engenharia Erótica abre programação teatral (Fortaleza)

08:25 / comentários (3)

Engenharia Erótica - Fábrica de Travestis entra em cartaz em 2011 já no início da semana. São duas apresentações nos dias 04 e 05 de Janeiro de 2011 às 20h no Theatro José de Alencar em grande estilo, pois será apresentado na platéia da sala principal e não no palco, como de costume. Na ocasição também será exibido a segunda parte do Curta Metragem "GLOSSário - 2ª Lição" do diretor Fabinho Vieira. O espetáculo terá ´público limitado em 80 pessoas com ingressos no valor de R$ 10 (meia) e R$20 (inteira)

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