Luz na passarela

08:20 Postado por Andrei Bessa /

LUZ NA PASSARELA

Depois de duas apresentações para testar o formato do novo espetáculo, Silvero Pereira estreia hoje o polêmico Engenharia Erótica - Fábrica de travestis

Magela Lima
magela@opovo.com.br

06 Mai 2010 - 02h13min


O que se pode esperar de um espetáculo com nome e sobrenome, título e subtítulo? Exagero. É exatamente isso que o ator e diretor Silvero Pereira persegue em seu mais recente trabalho: Engenharia Erótica - Fábrica de travestis, livre adaptação do livro do psicanalista carioca Hugo Denizart, em cartaz todas as quintas-feiras de maio no Espaço Sesc Senac Iracema. Ao lado de Denis Lacerda, Diego Salvador e Jomar Carramanhos, Silvero explode todo o conjunto de situações e experiências coletadas ao longo de anos de pesquisa e diálogo com o público nas expressivas 266 apresentações do solo Uma Flor de Dama, montagem de maior projeção no panorama recente do teatro cearense.

Sozinho em cena, de posse de um mote do gaúcho Caio Fernando Abreu, o ator superou os limites da narrativa original e avivou sua encenação com traços e vivências que o contato cotidiano com os tipos reais que se interessava em representar lhe rendeu. Assim, para compor uma travesti, Silvero Pereira se aproximou delas. Fez ponto nas ruas, quando preciso, e nas boates, quando lhe era permitido, fortalecendo uma conexão simbólica para a montagem de 2004, ainda um esquete, que se dilata agora em Engenharia Erótica & Fábrica de travestis. Para o ator, a marginalização do ambiente familiar que limita as travestis à prática da prostituição é contraponto direto dos shows de transformismo.

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1 comentários:

Comment by fran teixeira on 14 de maio de 2010 às 08:38

oi magela, li seu texto sobre o espetaculo fabrica de travestis antes de assisti-lo. fui na apresentaçao dessa quinta, 13.
queria discutir contigo um ponto especial da sua critica, se te interessar.
na leitura do seu texto, de cara entendi que ha uma problema de definiçao do que se entende por dramaturgia, ou do que voce especialmente entende por dramaturgia. quando voce analisa a estrutura dramaturgica do fabrica, parece partir de um modelo especifico de dramaturgia, que nao foi exposto.
como tarefa do critico atribuo a de definir de onde se parte para analisar determinada obra, suas referencias, etc. acho que é uma tarefa dificil, fico feliz de vc embrenhar-se por ela, mas acho que a critica tem um aspecto formador que deve atravessa-la e fazer dela um ponto de vista esclarecido sobre determinada obra. o critico deve me apresentar seu ponto de vista de forma que eu possa entender o que ele pensa sobre o projeto da obra, o que ele pode analisar desse projeto a partir de suas referencias e de que forma ele o fez.
se o espetaculo de silvero, como vc mesmo ressalta, faz uma excelente escolha na disposicao palco-plateia, sua dramaturgia nao poderia furtar-se dos deslocamentos que essa disposicao espacial define, tambem como texto. vejo tudo extremamente conectado, em se tratando de encenaçao.
no teatro tudo é texto, tudo aventura-se em comunicar: espaço, tempo, corpo, musica, acao e nao precisa ser 'teatro contemporaneo' pra isso.
vejo algumas fragilidades no espetaculo tambem, mas nao cairia na analise do aspecto dramaturgico, mas muito mais no que pode fazer desse aspecto a costura essencial das cenas, entrecenas, efeitos de luz e ambientacao. a dramaturgia, em sua estrutura convencional de conflito e desenlace, explode ali, usando uma expressao sua. tudo explode e esse, talvez, seja o principio de trabalho do silvero sim, fazendo dessa explosao um vir a tona auto-referenciado (podemos rever composicoes da dama e do cabare) que mostra seu trabalho num outro nivel, dialogado, em jogo sofisticado com seus pares e com a plateia, tambem de uma forma explosiva. nao ha exatamente personagens para construir, sao figuras diluidas num tempo-espaco da acao que é documentario, é verdade, é desejo, é ficçao. ao mesmo tempo, como ao mesmo tempo posso ver dois cantores cantando a mesma cançao, posso ver a trava desmontada, a trava se montando e escutar, mais do que ver, o cover do ney.
que possamos discutir.
bj
fran

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