Fran Teixeira fala sobre ENGENHARIA ERÓTICA

11:02 Postado por Grupo Bagaceira de Teatro /

Oi magela, li seu texto sobre o espetaculo fabrica de travestis antes de assisti-lo. Fui na apresentação dessa quinta, 13.


Queria discutir contigo um ponto especial da sua critica, se te interessar.

Na leitura do seu texto, de cara entendi que ha uma problema de definiçao do que se entende por dramaturgia, ou do que voce especialmente entende por dramaturgia. quando voce analisa a estrutura dramaturgica do fabrica, parece partir de um modelo especifico de dramaturgia, que nao foi exposto. Como tarefa do critico atribuo a de definir de onde se parte para analisar determinada obra, suas referencias, etc. acho que é uma tarefa dificil, fico feliz de vc embrenhar-se por ela, mas acho que a critica tem um aspecto formador que deve atravessa-la e fazer dela um ponto de vista esclarecido sobre determinada obra. o critico deve me apresentar seu ponto de vista de forma que eu possa entender o que ele pensa sobre o projeto da obra, o que ele pode analisar desse projeto a partir de suas referencias e de que forma ele o fez. Se o espetaculo de silvero, como vc mesmo ressalta, faz uma excelente escolha na disposicao palco-plateia, sua dramaturgia nao poderia furtar-se dos deslocamentos que essa disposicao espacial define, tambem como texto. Vejo tudo extremamente conectado, em se tratando de encenaçao. No teatro tudo é texto, tudo aventura-se em comunicar: espaço, tempo, corpo, musica, acao e nao precisa ser 'teatro contemporaneo' pra isso. Vejo algumas fragilidades no espetaculo tambem, mas nao cairia na analise do aspecto dramaturgico, mas muito mais no que pode fazer desse aspecto a costura essencial das cenas, entrecenas, efeitos de luz e ambientacao. a dramaturgia, em sua estrutura convencional de conflito e desenlace, explode ali, usando uma expressao sua. tudo explode e esse, talvez, seja o principio de trabalho do silvero sim, fazendo dessa explosao um vir a tona auto-referenciado (podemos rever composicoes da dama e do cabare) que mostra seu trabalho num outro nivel, dialogado, em jogo sofisticado com seus pares e com a plateia, tambem de uma forma explosiva. nao ha exatamente personagens para construir, sao figuras diluidas num tempo-espaco da acao que é documentario, é verdade, é desejo, é ficçao. ao mesmo tempo, como ao mesmo tempo posso ver dois cantores cantando a mesma cançao, posso ver a trava desmontada, a trava se montando e escutar, mais do que ver, o cover do ney.

que possamos discutir.

bj

fran

Marcadores:

2 comentários:

Comment by Danilo Castro on 16 de março de 2011 às 20:00

Nossa, eu ainda não havia lido isso. Fico feliz pelo posicionamento da Fran em relação à critica do Magela. Creio realmente que é necessário mais propriedade quando se vai criticar, principalmente quando essa crítica é publicada num dos mais importantes veículos de comunicação de Fortaleza e diversas pessoas, que não possuem um entendimento mais técnico do fazer teatral, dão intensa credibilidade aquilo. Ninguém é obrigado a concodar com nossos posicionamentos e críticas, mas é necessário justificá-las de maneira sensata, justamente o que não tenho percebido nos últimos textos do Magela.

Comment by Daniely Oliveira on 24 de março de 2011 às 17:22

Olá, gostaria se fosse possível ter um conteúdo sobre esse trabalho de homofobia pois estou fazendo um artigo para faculdade, e depois de ter ido ao espetaculo aqui em Sousa me despertou para esse assunto, como faço para conseguir algumas informaçoes??

Postar um comentário